Vereadores questionam paralisação da prefeitura
Em 7 meses, atual administração já recebeu R$9.538.523,54 de repasses.
A Câmara de Vereadores estava de recesso quando o prefeito Ari Lucas de Paula Santos convocou uma reunião extraordinária para votação de o Projeto de Lei N.º 15/2018, que autoriza o Poder Executivo a contribuir mensalmente com a entidade de representação dos municípios do Estado de Minas Gerais, a Associação Mineira de Municípios (AMM).
A justificativa do prefeito era que a associação representaria a cidade num movimento municipalista, fortalecendo a autonomia dos municípios a partir de iniciativas políticas e técnicas que busquem a excelência na gestão e a qualidade de vida da população. Contudo, após a aprovação, o presidente da Câmara, José Teixeira Rodrigues Júnior, percebeu que a pressa na votação seria uma manobra política. “Vi que nossa cidade está querendo aderir a paralisação da AMM em protesto ao governo do Estado”, disse. “Nós da Câmara, enquanto representantes do povo, não somos favoráveis a essa paralisação e a população não pode ser prejudicada e penalizada por conta da má administração de gestores”.
Os vereadores José Adilson, André Ferreira e Célio Capobiango também se manifestaram contra a paralisação. “Desde que eu entrei nessa Casa sempre estivemos do lado da população”, destacou o vereador do PT. “Essas campanhas que a AMM estão fazendo está envolvida com questões políticas. Em outras ocasiões o Executivo ficou inerte, como aconteceu no caso da greve dos caminhoneiros, a greve dos professores, reforma trabalhista e previdenciária”.
Parou tudo – E seguindo recomendações da AMM, na terça-feira, dia 21, a Prefeitura de Guiricema parou. Serviços administrativos, escolas, ônibus escolares, obras, limpeza urbana, usina de lixo, agricultura e demais serviços não funcionaram. A exceção foi o atendimento nos postos de saúde, que atenderam em regime de plantão: atendimento semelhante aos finais de semana e feriados.
O Executivo justificou a paralisação para participar da mobilização geral dos municípios mineiros contra os atrasos dos repasses do Governo de Minas, que chega a um total de R$1.658.092,37. Para mostrar “a toda população a realidade da crise vivida pelos municípios com essa situação”, destacou em nota no Facebook.
Contra a paralisação o vereador José Adilson ressaltou que a atual administração não está sabendo gerir os recursos encaminhados pelo governo. Segundo o parlamentar, nos sete primeiros meses do ano Guiricema recebeu um repasse de R$9.538.523,54, com a previsão de chegar a aproximadamente R$16 milhões até o final do ano. “A desculpa da atual administração é que a arrecadação caiu, que não está recebendo devidamente do Governo do Estado e que o município está endividado. Mas a gestão atual tem recebido mais que na administração anterior”.
De acordo com relatórios do portal da transparência os repasses para Guiricema em 2017 foram de R$14.903.377,74. Em 2016 foram R$14.891.166,03; 2015 recebeu R$13.589.713,69; e em 2014 arrecadou R$13.575.746,33. “Essa desculpa de que a arrecadação está caindo e que o município não está recebendo repasse é mentira e podemos verificar tudo isso no portal da transparência”, ressaltou o parlamentar. “Se o prefeito atual trabalhasse de forma responsável, sem transformar a Prefeitura em cabide de emprego, não seria necessário paralisação. Nem mesmo as grandes festas prometidas esse governo tem cumprido”.